Eline, Gab Lara e Tom Karabachian se abrigam no trio Refúgio dos Amores Improváveis com som pop indie que ecoa Clube da Esquina e Tribalistas
12/10/2025
(Foto: Reprodução) Capa do álbum ‘Refúgio dos Amores Improváveis’, do trio formado por Eline, Gab Lara (à esquerda) e Tom Karabachian
Pepe Rodrigues / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Refúgio dos Amores Improváveis
Artista: Refúgio dos Amores Improváveis
Cotação: ★ ★ ★
♪ Entre as referências musicais do trio carioca Refúgio dos Amores Improváveis, listadas no texto que apresenta o homônimo álbum que será lançado pelo grupo na quarta-feira, 15 de outubro, aparece com discrição o nome de outro trio carioca, Tribalistas.
De fato, dá para sentir na formação do trio um eco do grupo de Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte. Tal como o trio surgido em 2002, o Refúgio dos Amores Improváveis abriga três amigos, dois homens – Gab Lara e Tom Karabachian – e uma mulher, Eline Porto, em torno de harmônico cancioneiro autoral que oferece mais aconchego do que fricção.
Mas a semelhança se resume à formação em si e à combinação das vozes ouvidas em músicas como Uma vida é pouco, uma das dez composições assinadas pelo trio no repertório inteiramente autoral do álbum Refúgio dos Amores Improváveis. A sonoridade é outra, alinhada com os correntes anos 2020.
Parece haver real irmandade entre os integrantes do trio. Atores e cantores, Eline, Gab e Tom já estiveram juntos em cena, no elenco do musical Djavan – Vidas pra contar (2025), e resultam afinados no disco além do sentido estritamente vocal.
A produção musical do álbum Refúgio dos Amores Improváveis foi orquestrada pela Moodstock – produtora que agrega Julio Raposo, Pepê Santos e Uiliam Pimenta – e Lucas Nunes.
O mix de pop indie com MPB pulsa na cadência do samba em Fui eu (simulacro da produção dos bambas da Velha Guarda, gravado com o cavaquinho e a percussão de Thiago da Serrinha) e cai em suingue latino em Loco por ti.
Mixado por Bernardo Martins e Felipe Tichauer, o álbum Refúgio dos Amores Improváveis abre com a música Descompassadamente, seguindo por baladas como A escolha foi a certa e Tá na cara, entre ecos de Clube da Esquina (sobretudo em R.A.I. e em Tempo que dá agora).
A produção musical e o arranjo do álbum são bem cuidados, assim como a harmonização das vozes. A ficha técnica inclui músicos do naipe do trompetista Diogo Gomes, do trombonista Marlon Sette (presente com sopro quase épico na última das dez faixas, De volta) e do baterista Thomas Harres.
Contudo, o cancioneiro do Refúgio dos Amores Improváveis carece de uma grande melodia, à altura das excelentes referências musicais do trio. Nesse sentido, o grupo está afinado com a maior parte da geração pop indie da qual faz parte.
Eline, Gab Lara (à direita) e Tom Karabachian assinam juntos as dez composições do álbum ‘Refúgio dos Amores Improváveis’
Pepe Rodrigues / Divulgação