Obra de Milton Nascimento é abordada com algum frescor nos tons amenos de álbum derivado de documentário

  • 28/05/2025
(Foto: Reprodução)
Os Garotin, OutroEu, Maro, Tim Bernardes, Tuca Oliveira e Zé Ibarra sobressaem no elenco convidado a cantar 13 músicas do repertório do compositor. Milton Nascimento tem obra cantada no álbum ‘ReNASCIMENTO’ Flávia Moraes / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: ReNASCIMENTO Artistas: Agnes Nunes, Analu, Clarissa, Dora Morelenbaum, Johnny Hooker, Kell Smith, Liniker, Lucas Mamede, Maro, Mateus Asato, Milton Nascimento, Os Garotin, OutroEu, Sandy, Tim Bernardes, Tuca Oliveira e Zé Ibarra Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♬ Desdobramento da trilha sonora do Milton Bituca Nascimento (2025), documentário lançado nos cinemas em 20 de março, o álbum ReNASCIMENTO deixa boa impressão ao longo de 12 regravações de 13 músicas de Milton Nascimento, eternizadas na voz celestial do próprio Milton e em gravações de cantoras da magnitude de Elis Regina (1945 – 1982) e Nana Caymmi (1941 – 2025). Qualquer songbook com o cancioneiro do compositor esbarra na inevitável e cruel comparação com os registros feitos pelo artista que, além de mestre na arte de fazer música, carrega Deus na voz, como sentenciou a sagaz Elis. Feita a ressalva, é justo reconhecer que há bons momentos em ReNASCIMENTO, álbum orquestrado sob direção de Victor Pozas. Cantora portuguesa que tem transitado pelo universo da música brasileira, Maro inventa um Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972) com sentimento real, mas sem inventar moda. Com o habitual frescor, o trio fluminense Os Garotin manda Bola de meia, bola de gude (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1980) para o gol em gravação produzida por Pozas com Pepê Santos, Uliliam Pimenta e Julio Raposo. Duo fluminense formado por Guto Oliveira e Mike Túlio, OutroEu faz de Clube da esquina nº 2 (Milton Nascimento, Márcio Borges e Lô Borges, 1972) uma canção serena em registro elegante que sobressai no disco. Já Sandy cresce ao longo dos três minutos e meio de Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967), em gravação com o guitarrista Mateus Asato, sem diluir a sensação de que a voz eternamente adolescente da artista soa sem bagagem emocional para encarar Travessia. Liniker parece ter essa bagagem quando canta Encontros e despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1981) em gravação que certamente contenta a legião de admiradores da cantora. Clarissa desanima A festa (Milton Nascimento, 2003), em gravação produzida por Fi Maróstica, com canto leve como a impressão de que o erro não está na cantora, mas na escalação inadequada – mesma impressão que paira após a audição do canto de Analu Sampaio em Canção do sal (Milton Nascimento, 1965) porque Analu termina a faixa sem dar à música a dimensão social alcançada pelo registro de Elis Regina em 1966. Se A lua girou (tema tradicional em adaptação de Milton Nascimento, 1976) irradia certa luz no canto de Agnes Nunes, em gravação encorpada com as cordas da Tallin Studio Orchestra (da Estônia), Lucas Mamede aponta Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) em registro quase a capella antes de cair no suingue nordestino posto em Tudo que você podia ser (Lô Borges e Marcio Borges, 1972) em medley que cruza a ponte Minas-Paraíba no toque da sanfona. Voz das Geraes, Tuca Oliveira encara Canção da América (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1979) com a vibe suave da nova geração da música brasileira em abordagem singela. Vale ouvir! Gravação já parcialmente mostrada no documentário Milton Bituca Nascimento, o registro de Ânima (Zé Renato e Milton Nascimento, 1982) é hors-concours no mosaico do álbum ReNASCIMENTO por ostentar, além do vocal de Milton, duas das vozes mais expressivas da nova geração – as de Tim Bernardes e Zé Ibarra – em gravação que também conta com Dora Morelenbaum, outro talento musical dos anos 2020. Fechando o disco, Johnny Hooker e Kell Smith cantam Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso, 1975) com pegada pop e enérgica que se diferencia dos tons amenos das outras 11 gravações do disco. Distribuído pela Universal Music, gravadora que lançou recentemente EPs desnecessários com regravações das obras de Cazuza (1958 – 1990) e Rita Lee (1947 – 2023), o álbum ReNASCIMENTO se situa acima da média de songbooks e tributos do gênero. Há brilhos sobressalentes nas 12 faixas, como os do duo OutroEu e do trio Os Garotin, mas, no todo, ninguém passa vergonha ao dar voz às músicas de Milton Nascimento. Mérito também de Victor Pozas, maestro do álbum. Capa do álbum ‘ReNASCIMENTO’, desdobramento da trilha sonora do documentário álbum ‘Milton Bituca Nascimento’ Divulgação

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/05/28/obra-de-milton-nascimento-e-abordada-com-algum-frescor-nos-tons-amenos-de-album-derivado-de-documentario.ghtml


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