Taylor Swift compra de volta os direitos dos seus primeiros álbuns; entenda o caso
30/05/2025
(Foto: Reprodução) Cantora recuperou os direitos de suas músicas, por valor não revelado, e agora é dona de seu catálogo musical inteiro. Disputa com empresário Scooter Braun começou em 2019. Taylor Swift compra de volta os direitos dos seus primeiros discos
Reprodução/Instagram
Após seis anos de conflitos, Taylor Swift comprou de volta os direitos aos seus primeiros álbuns.
Em nota publicada nesta sexta (30), a artista declarou que adquiriu os seus seis primeiros discos (e os videoclipes e filmes de turnês associados a eles), obtendo controle sobre seu próprio catálogo inteiro pela primeira vez.
“Toda a música que já fiz… agora pertence… a mim".
O valor da compra não foi revelado. Segundo o jornal inglês The Guardian, "rumores anteriores de que o projeto custou a Swift entre US$ 600 milhões e US$ 1 bilhão são imprecisamente altos".
"Dizer que meu maior sonho se tornou realidade seria pouco. Quero agradecer a todas as pessoas que me apoiaram nesse processo. Quero agradecer à equipe que tornou isso possível: a todos que me apoiaram nessa jornada para ser dona do meu trabalho", escreveu a cantora, agradecendo à própria equipe jurídica e da atual gravadora, Republic Records.
"Sinto que isso é um passo à frente e uma mensagem para todo artista: vocês devem ser donos de si mesmos. Amo muito todos vocês".
Por que Taylor não era dona das próprias músicas?
Em 2019, uma reviravolta causou uma das notícias mais dramáticas da indústria musical recente. Isso se deu quando a gravadora Big Machine, que era dona dos seis primeiros álbuns da cantora, foi comprada por Scooter Braun, então empresário de Justin Bieber.
Taylor Swift não se dá bem com ele, e já disse que sofria "bullying" de Braun, por isso ficou indignada quando ele passou a ser dono das suas gravações.
A coisa piorou quando, um ano depois, Braun revendeu o catálogo de Taylor Swift para a Shamrock, empresa fundada por Roy E. Disney, sobrinho de Walt Disney, US$ 300 milhões. "Essa foi a segunda vez que minha música foi vendida sem meu conhecimento", ela lamentou.
Taylor Swift e Scooter Braun chegam a eventos distintos em 2019
Richard Shotwell/AP e Mark Von Holden/Invision/AP
Os donos das gravações originais têm parte do lucro com o streaming e, principalmente, podem controlar uso em outras obras, mesmo que seja em um filme da própria Taylor. Por ser compositora, ela também tem poder de veto para certos usos e recebe parte da arrecadação.
Uma cláusula do antigo contrato com a Big Machine deu a brecha para o projeto das "Taylor's Versions": a partir do fim de 2020, ela ganhou o direito de regravar as composições registradas nos cinco primeiros álbuns.
A estratégia das regravações
Desde a compra dos masters, Taylor Swift adotou a estratégia de "copiar a si mesma" e passou a refazer seus seis primeiros álbuns, um plano anunciado em 2019.
Entre 2021 e 2023, Swift regravou seus álbuns "Fearless", "Red", "Speak Now" e "1989". Faltavam somente "Taylor Swift" e "Reputation" - este último, segundo ela, não chegou a ser regravado em sua totalidade.
"Transparência total: nem um quarto dele eu regravei. O álbum Reputation era tão específico daquele momento da minha vida, e eu sempre chegava a um ponto crítico quando tentava refazê-lo", escreveu.
"Para ser bem honesta, é o único álbum entre os seis primeiros que eu achava que não poderia ser melhorado ao ser refeito. Nem a música, nem as fotos, nem os vídeos. Então fui adiando".
Segundo a cantora, "Taylor Swift" e "Reputation" ainda podem ter ser relançados "quando a hora for certa".
A situação de Taylor, de perder o próprio catálogo, não é rara entre astros pop que têm pouco controle sobre os primeiros trabalhos por terem feito contratos parecidos. Nos anos 1990, Prince protestou contra o controle de sua gravadora sobre suas masters ao se comparar a um escravo. Uma década antes, Michael Jackson provocou uma rixa com o antigo amigo Paul McCartney após comprar um catálogo de canções dos Beatles por quase US$ 50 milhões.
No Brasil, João Gilberto ganhou em março um processo contra a Universal pelos royalties de seus três primeiros discos, no valor de R$ 173 milhões. No mesmo mês, Gilberto Gil recuperou da Warner os direitos sobre seu catálogo.
Apesar da situação de Swift não ser incomum, o jeito que a artista criou para tentar contornar isso foi incomum e teve forte impacto na indústria musical, sendo inclusive uma das estratégias mais lucrativas da carreira da cantora.
No final de 2019, o G1 explicou a briga, veja o vídeo abaixo:
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